quarta-feira, 7 de julho de 2010

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA.
Por que é feriado, em São Paulo, dia 9 de Julho?

O dia 9 de julho é comemorado o aniversário do Movimento Constitucionalista de 1932, data que procura lembrar o movimento que exigia do país mais democracia e uma Constituição.



Getúlio Vargas era o presidente da República, mas não eleito e sim devido a um golpe de Estado, depois que foi derrotado para o paulista Julio Prestes nas eleições de 1930. A Revolução Constitucionalista de 1932 representa o inconformismo de São Paulo em relação à ditadura de Getúlio Vargas.

Até então, a política do café-com-leite - alternância de poder entre as elites de Minas Gerais e São Paulo, que caracterizou a República Velha (1889-1930) e a entrada de Vargas pôs fim a esta prática política. Isso fez com que a classe política de São Paulo passasse a exigir do governo federal maior participação.

Getúlio Vargas, claro, não aceitou dividir poder com os paulistas e nomeou um interventor, não paulista, para governar o estado, o que deu inicio ao conflito de São Paulo com o resto do país.

O MMDC: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo
Estes eram os nomes de quatro estudantes de direito que participaram da revolução, e que foram mortos em um dos conflitos de rua em maio de 1932. Estes quatro passaram para a histórica com a sigla MMDC. Eles e muitos outros jovens tiveram forte atuação neste movimento paulistano e hoje são lembrados também através de seus nomes em ruas e praças na região do Butantã, próximo da USP

No dia 9 de julho, o Brasil assistia início de seu maior conflito armado, e também a maior mobilização popular de sua história. Homens e mulheres, estudantes, políticos e industriais, participaram da revolta contra Getúlio e o governo provisório de São Paulo. O movimento que nasceu de uma revolta da elite passou a ter o apoio e participação de grande parte da população. Neste mesmo dia 09 de julho o comando da 2ª Região Militar se rebela, toma as duas emissoras de rádio paulistanas e a Companhia Telefônica e os correios caem em mãos dos revolucionários. A Faculdade de Direito começa a alistar civis voluntários. A Escola Politécnica distribui professores e alunos por indústrias metalúrgicas para a fundição de armas e produção de munição.


A mobilização inicial foi simplesmente épica. Guilherme de Almeida e Menotti de Picchia alimentavam a alta temperatura com reportagens e poemas. Pedro de Toledo é proclamado governador. O general Bertoldo Klinger, comandante militar do Mato Grosso, desembarca gloriosamente em São Paulo. Mas de mãos vazias, sem as tropas e as armas que prometera trazer.

Não foi esse o único contratempo. Flores da Cunha impediu que os gaúchos aderissem ao movimento paulista. Minas Gerais também ficou de fora. Aquilo que seria quase uma "revolução branca", um passeio até o Catete para a deposição de Vargas, tornava-se uma guerra de desgaste. As tropas enviadas para Itararé (entroncamento ferroviário na divisa com o Paraná) retiraram-se antes da chegada dos 18 mil homens do Rio Grande. Por isso Itararé é até hoje conhecida como "a batalha que não houve".

O desequilíbrio bélico era gritante. No Vale do Paraíba, os revolucionários dispunham de uma metralhadora para cada 50 homens, enquanto as tropas enviadas do Rio tinham uma para cada três soldados. São Paulo alistou 200 mil voluntários dos três milhões de jovens, velhos e crianças, mas apenas 50 mil tinham condições, de fato, de participar.

A derrota paulista era inviável. Apesar do apoio das mulheres que confeccionavam os uniformes, o movimento encontrava vários obstáculos: a apatia dos operários imigrantes, as armas encomendadas na Argentina não chegaram a tempo, nem pela importação da Itália, já que Roma não reconheceu no Brasil uma guerra civil, o que lhe permitiria exportar material bélico.

Milhares de pessoas de todas as classes sociais doavam pratarias, jóias e alianças para ajudar financeiramente a revolução. Organizações civis como os MMDC, o Sato (Serviço de Abastecimento das Tropas em Operações ) e Casa do Soldado forneciam fardas, assistência, alimentação e tratavam do alistamento de voluntários. Todo o Estado, unido, trabalhava para a vitória da causa paulista.




A carnificina seria inevitável se o comandante da Força Pública, coronel Herculano Silva, não negociasse sua rendição em troca do compromisso por parte das tropas federais de não invadirem o município de São Paulo. Para os demais comandantes militares, como Klinger, Isidoro e Euclides Figueiredo, isso foi uma imperdoável "traição" uma vez que eles só esperavam e acreditavam em uma vitória exemplar.

O coronel Herculano depôs a 2 de outubro o governo chefiado por Pedro de Toledo. Quatro dias depois, Getúlio nomeava interventor no Estado o general Valdomiro.

No final, cerca de 135 mil homens aderiram à luta, que durou três meses e deixou quase 900 soldados mortos no lado paulista, quase o dobro das perdas da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.

Até hoje, a história da Revolução de 32 é mal contada. Ou, pelo menos, é contada de duas formas. Há a versão dos governistas (getulistas) e a dos revolucionários (constitucionalistas). Durante muito tempo, a versão dos getulistas foi a mais disseminada nos livros escolares do país, mas hoje, com uma maior participação dos professores na escolha do material didático, a história também já é contada sob a ótica dos rebeldes, mas devemos lembrar que a história, através dos tempos, é sempre contada pela versão dos vencedores, mas, apesar da derrota paulista, a importância histórica do movimento é incontestável, uma vez que, como resultado direto, houve a convocação da Assembléia Nacional Constituinte, dois anos mais tarde. Mesmo assim, a Revolução de 32 continua como um dos fatos históricos do país menos analisados. Mesmo em São Paulo apenas como uma data que é feriado, de ser mais um dia de folga, do que os motivos e suas conseqüências na democratização e no fortalecimento da nação brasileira.

Obelisco do Ibirapuera


O Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário brasileiro localizado no Parque do Ibirapuera. É uma homenagem à Martins, Miragaia, Drauzio e Camargo, mortos no dia 23 de maio. O obelisco simboliza uma espada fincada, ferindo o coração (simbolizado pela praça) do Estado de São Paulo. Nele há o Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932 e em seu museu há fotos, documentos, livros, objetos e recortes de jornais referentes à revolução.

Bandeira de São Paulo

Antes da Revolução de 32, era apenas um símbolo de São Paulo e desde então passou a ser a bandeira oficial. O mapa do Brasil simboliza a luta dos paulistas pelo Brasil. As quatro estrelas representam os pontos cardeais, apesar da idéia de que homenageiam os quatro jovens mortos na revolução (MMDC). As listas brancas representam o dia e as listas pretas representam a noite, os paulistas, de dia ou de noite e de qualquer lugar, defendem o Brasil com seu sangue, representado pela cor vermelha envolvendo o mapa.


Fontes:
http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_5jul1992.htm
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1702u3.jhtm
http://www.guaruja1.hpg.ig.com.br/revolucao_32.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Obelisco_de_S%C3%A3o_Paulo